A polícia isolou a vila de 20.000 habitantes, cortando o abastecimento de alimentos para quebrar a resistência popular pela fome. Porém, a morte de um manifestante sob custódia da polícia acirrou ainda mais os ânimos.
Em causa está a apropriação de terras agrícolas por funcionários socialistas, ação que se tem tornado recorrente na região, como há muito no resto do país comunista. Esta mesma situação é vivida por outros 50 milhões de camponeses, os quais perderam suas terras na última década, noticiou “Global Times”.
Centenas de hectares foram expropriadas pelos dirigentes locais do Partido Comunista, que se enriquecem às custas dos residentes, cujas terras os comunistas revendem para projetos de construção, sem indenizar os proprietários.Segundo “The Daily Telegraph”, mil policiais foram engajados no cerco aos residentes de Wukan que desafiam a polícia marxista, a qual bloqueou as estradas que conduzem à vila para não permitir a entrada de alimentos.
Quase todos os pontos de alimentação da cidade estavam fechados. Os habitantes resistiam graças a um corredor clandestino que traz alimentos das aldeias vizinhas. A repressão socialista impede que a frota de barcos pesqueiros de Wukan possa pescar.
O braço-de-ferro resultou em confrontos com as forças repressivas após a morte de Xue Jinbo, representante local eleito para negociar com o Partido Comunista.
Os populares acusam a polícia de homicídio. Segundo o genro de Jinbo, seu corpo tinha ferimentos nos joelhos, o nariz estava coberto de sangue e os seus polegares pareciam partidos. As autoridades locais recusam-se entregar o corpo à família.
“O caso está sendo investigado”, disse Zheng Yanxiong, líder do Partido Comunista da cidade de Shanwei, que supervisiona Wukan, citado pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua.O próprio termo “Wukan” foi censurado no Weibo, o serviço de microblogues mais popular da China, impedindo os chineses de saber mais informações sobre o assunto.
A agitação social está se tornando cada vez mais comum na China, principalmente em relação à corrupção generalizada e a um sistema judicial ideologicamente a serviço da ditadura.
Quando protestos análogos começaram a se espalhar pelo país, o governo aceitou um “acordo” com a população. Mas ninguém sabe se ele pensa de fato cumpri-lo.
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