quarta-feira, 22 de outubro de 2014

PAPA FRANCISCO E AS DISTORÇÕES DA GRANDE MÍDIA


Sínodo dos bispos sobre a família “edição 2014”, vale lembrar, já começou sendo tratado por parte da mídia como uma porta para a “Igreja ideal”. Desde que o Papa o convocou no ano passado, essa instituição –  cujo objetivo é consultar os bispos do mundo inteiro à reflexão de temas específicos, de forma que o deste ano (o extraordinário) e o do ano que vem (o ordinário) serão voltados para a família – tem sido alvo de uma interpretação um tanto quanto incoerente por parte de alguns órgãos de imprensa.
Tão logo saiu a chamada Instrumentum Laboris, um documento preparatório que reúne os temas a serem tratados em um Sínodo, já começou o discurso da “ruptura de Francisco”. Além disso, esse simples esboço passou a ser tratado quase como uma bula papal pelos mais “dissidentes”. Na referida lista, foram elencados alguns desafios PASTORAIS, entre eles: a questão das uniões homoafetivas – o que não quer dizer a aprovação do casamento gay, mas o modo como essas pessoas devem ser acolhidas e, também, casais de segunda união.  Entretanto, vale frisar que esses são apenas ALGUNS dos pontos a serem abordados durante o Sínodo. Sem contar que a proposta não é para que aconteçam mudanças efetivas ou aberturas guiadas pelos ventos da moda, mas para que se encontrem soluções pastorais tendo em vista a nova evangelização.
O que o Papa Francisco falou antes do Sínodo?
Em algumas de suas entrevistas, ao ser questionado sobre o Sínodo em questão, Papa Francisco já havia falado a respeito de sua preocupação em relação aos jovens que se casam sem uma preparação prévia ou mesmo sem uma vivência da fé propriamente dita. Em outras palavras, ele se refere às pessoas que se casam sem compreender as responsabilidades assumidas a partir do Sacramento que recebem. Outra questão importante, sinalizada pelo próprio Pontífice, é em relação à nulidade matrimonial. Para o Santo Padre, que também criou no último dia 20 de setembro uma comissão para avaliar a questão, é possível encontrar uma via para facilitar o processo.
Sala do Sínodo, no Vaticano
Sala do Sínodo, no Vaticano
O Sínodo de 2014 e o que o muda na Igreja a partir dele
Lamento decepcionar os mais “apressados”, mas o Sínodo de 2014 não mudará nada, nem em relação à doutrina, nem em relação à forma de administrar os sacramentos. Em que sentido? EsseSínodo extraordinário, de acordo com a própria nomenclatura, tem um caráter mais propositivo, ou seja, o Santo Padre, que participa das congregações gerais (reuniões, debates) diariamente, colherá as impressões e os desafios pastorais apresentados por cada realidade ou conferência episcopal ali representada. Depois disso, os bispos voltarão para suas dioceses, refletirão o que foi proposto e trarão suas conclusões para o Sínodo ordinário sobre a família, que acontecerá em outubro 2015. Logo em seguida, o Papa elaborará um documento com orientações para a Igreja Universal, a famosa “exortação apostólica pós-sinodal”.  Então, fiquem tranquilos, teremos um ano todo pela frente.
O que vimos no Sínodo até agora?
Só para você compreender, foram realizadas, até hoje, 07 de outubro, quatro congregações gerais, duas em cada dia. Cada bispo é livre para expor sua opinião, quer seja “liberal”, quer seja “conservadora”. Todavia, em relação a isso, muito daquilo que foi proposto, se aprovado no próximo Sínodo, será um avanço em relação à pastoral familiar. Listarei, abaixo, algumas das propostas e constatações para que você se certifique que não se trata de um “Apocalipse”, de fato:
- Uma formação permanente para os fiéis, que vai muito além da catequese, dos cursos de preparação para noivos, e outros;
- Promover um maior conhecimento do Magistério da Igreja;
- Ter uma postura mais “exigente” em relação àqueles que se preparam para o Matrimônio, já que, para os padres sinodais, isso evitará um crescimento galopante no número de divórcios. “Nem que para isso sejam celebrados menos casamentos na Igreja”, conforme foi escrito no texto-resumo de hoje;
- A proposta de uma pastoral mais intensa que apacompanhe, de perto, os casais em crise;
- “O caminho de preparação para o sacramento do matrimônio deve ser longo, personalizado e severo”, ainda de acordo com o texto-resumo de hoje;
- O Sínodo também sinalizou que a mídia influencia na difusão de ideologias contrárias à doutrina da Igreja sobre o matrimônio;
- “Aos casais de segunda união deve ser apresentado não um julgamento, mas a Verdade”;
- Mudar a linguagem para que as pessoas compreendam mais a fé que abraçam e  melhorar a formação dos padres e catequistas para melhor ajudar as famílias.
Revisão: Professor Marcos Medeiros (meu pai).

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